Trabalho e Família na Transição para a Idade Adulta

As mudanças sociais dão hoje novos contornos à transição para a idade adulta colocando desafios ao modo como os jovens vivem esta transição e anticipam os seus futuros papéis de adulto. Para além disto, os processos de transição para a idade adulta tendem a ser vividos, cada vez mais, num contexto de coabitação com os pais. Em que medida este convívio mais prolongado reforça o peso da tradição? Sabe-se que a conciliação dos papéis familiares e profissionais, um dos desafios incontornáveis da futura vida adulta, tinha sido, nas gerações anteriores, essencialmente assumida pelas mulheres, dando lugar a sobrecarga conhecida pelo fenómeno do “segundo turno” de trabalho. Para conseguir esta conciliação, as mulheres optaram por renunciar a investimentos pessoais, profissionais ou familiares mais ambiciosos. Será que o mesmo tipo de estratégia ainda é considerado adequando pelos jovens e pelas jovens hoje em dia? Será o passado ainda reconhecido como padrão, como modelo estruturante, ou será que, pelo contrário, certo elementos de ruptura podem ser identificados? Em que medida a tradição ou, pelo contrário, estimula um retorno ao passado? É o que se propõe analisar a presente obra ao eleger como temática a antecipação da conciliação dos papéis profissionais e familiares na transição para a idade adulta num quadro de influências de pais para filhos.